#02 - Um pouco sobre mim e o incomodo de alguns homens

 

Lembro de quando minha amiga tirou essa foto. Foi em 2021, era final da pandemia e ninguém mais aguentava ficar em casa. Então combinei com ela de ir a um barzinho. Foi numa quinta, meu marido estava no trabalho e me encontraria mais tarde. Eu e ela, nos arrumamos em casa e ela fez a foto e postou no meu insta. Na mesma hora que viu o post, meu marido me ligou incomodado. 

É sempre assim. Homens de mente fechada se incomodam com tão pouca coisa. E meu marido é realmente um homem de mente fechada. É difícil falar coisas sobre sexo e desejos que fujam de um padrão mais conservador com ele. Ele simplesmente se fecha totalmente para o diálogo. Na época eu ainda tentava convencer ele de tentarmos alguma coisa diferente para apimentar o casamento que já estava caindo na rotina e na falta de sexo (algo que mesmo hoje com meus 40 anos já acho extremamente difícil de suportar). 

Hoje desisti de tentar convencer ele de qualquer coisa e dou meus passos por minha conta. Não é algo que eu mesma sinta orgulho, mas meu corpo possui desejos e vontades. Para mim sexo e amor são coisas bem diferentes e tem coisas que o casamento não me proporciona. Mas também não o condeno, porque antes eu pensava igual a ele. Porém, conforme eu fui lendo sobre assuntos liberais meus pensamentos foram se transformando e o preconceito foi dando lugar ao desejo de vivenciar coisas novas. Acho que a falta de sexo mais apimentado, com puxões de cabelos e de ser dominada me fizeram ler coisas diferentes para me sentir excitada. E isso foi me despertando curiosidades. Já tinha traído meu primeiro marido uma vez, mas foi pelo sexo e questões emocionais, e  não pelo fetiche e o tesão de vivenciar a experiência, de sentir no sexo uma experiência de libertação, de ouvir outro homem chamando ele de corno enquanto me comem. Isso me desperta um tesão inexplicável em mim que é difícil de explicar.

Mas como eu disse, não o condeno. Eu o amo e o respeito. Por isso na maioria das vezes evito o conflito. Mas no dia do barzinho, dei uma desculpa de que já estava arrumada e pedindo o uber, então eu ia sair daquele jeito mesmo. Ficamos no barzinho eu e minha amiga das 19h até umas 21h sozinhas... alguns homens chegavam e flertavam. Ela solteira, mas como sou casada eu tinha que me conter.

Foi então que um homem mais velho se aproximou dela e perguntou sobre mim. Vou chama-lo de Marcos. Ele era mais velho, quase 50 anos, moreno e cabelos já um pouco grisalhos e bem charmoso. Minha amiga disse que eu era casada e que meu marido já estava para chegar. Eu mostrei a aliança. Então ele se despediu, me elogiou e com bom humor ele disse que meu marido era um homem de sorte e voltou para a mesa dele com dois amigos na qual estava bebendo. 

Mas ele não parava de me olhar e eu mesma não conseguia parar de olhar de volta, mas disfarçadamente. Minha amiga deve ter percebido, mas não comentou. Até porque fui discreta e ela mesma confessou que ele era bem gostoso. 

Quando foi umas 21h30, meu marido chegou direto do trabalho e sentiu-se incomodado com minha roupa. Fez cena, nada que incomodasse minha amiga (somos discretos)... mas eu sabia que ele estava incomodado e por isso não aproveitou a cerveja, as batatas, nem nada. Quando resolveu beber um pouco, ainda assim ficou mais tempo no celular do que aproveitando o barzinho a música e a conversa. Enquanto isso, não conseguia parar de olhar para o Marcos e sentia ele olhando para mim de volta. 

Foi então que minha amiga levanta para comprar  um cigarro no balcão. Eu espero um pouco e resolvi ir ao banheiro. E eu passo perto do Marcos e olhando para ele. Entrei no banheiro e quando voltei ele estava na fila do banheiro masculino e puxou assunto perguntando porque eu não dançava. Eu disse que como uma boa carioca que sou, eu dançava, sim! Mas meu marido, não. Foi então que ele me deu um papel com número dele e disse que quando eu quisesse dançar eu poderia ligar para ele. 

Peguei o papel discretamente e guardei atrás da capinha do celular. Depois de muito tempo, eu estava vivendo o tesão e a sensação de ser desejada novamente! Foi algo que quando aconteceu, bem na pandemia depois de tanto tempo sem sair e flertar, que meu coração bateu forte e fiquei com minha bcta molhada ali na hora. E não tinha como ser diferente, afinal de contas, estava sendo cobiçada por um homem charmoso e interessante novamente. Ele sabia que eu era casada, viu meu marido, sabia que ele estava próximo, mas entendeu os meus sinais e se dispôs a correr o risco e falar comigo, ainda que discretamente.

Voltei para mesa e meu Marido e minha amiga estavam conversando pouco. Mas ainda incomodando, era claro que o lugar dele definitivamente não era ali. Ele super incomodado com minhas roupas e aproveitando pouco. Como já tinha me divertido bastante com ela, dando risadas, ouvindo um bom samba e bebido e comido um pouco. Resolvemos acabar a noite ali, cerca de 22h30 ou 23h no máximo. 

E durante a semana eu entrei em contato com Marcos e nos encontramos alguns dias depois. Não dançamos, mas ele me comeu muito bem! Lembro que eu estava sem sexo fazia quase 3 meses e meu corpo estava precisando. Sei que vocês querem detalhes, mas esse não é o ponto. O ponto é que a roupa que usei não define quem eu sou. É lógico que gosto de ser vista e notada por outros homens. Mas se ele não tivesse se incomodado tanto e tivesse aproveitado mais a noite comigo e minha amiga, talvez eu até esquecesse que o Marcos me olhava. Os homens precisam entender que mesmo num relacionamento convencional nós mulheres precisamos ter nosso espaço. 

É bem verdade que essa não foi a primeira vez que meu marido foi corno. E escrever isso me dá muito tesão. Mas é um exemplo de que a roupa que eu vestia ali era o de menos.  Assim como me deu imenso tesão todas as vezes que saí com o Marcos e ele pegava nos meus cabelos já me falando bobagens no ouvido..e me fudendo a bcta, apertando meus seios, roçando a barba em meu pescoço... ou seja, me comendo de uma forma que eu precisava e que não tenho em casa. É uma necessidade que meu corpo tem. E acho que mesmo que meu marido me desse o sexo que preciso em casa, a sensação de estar com outro, de ser cortejada e desejada é algo que me dá muito prazer e que sinto falta quando não ocorre. Hoje entendo isso e entendo melhor a mim mesma. 

Mas, olhando pra trás, percebo que a birra dele naquela noite fez com que eu ficasse ainda mais focada no Marcos. Porque o desconforto que ele causava em mim com a birra fazia com que eu preferisse olhar para outros lados e outras mesas, do que para ele que não queria conversar direito num primeiro momento. E preferi olhar justamente para quem quis me dar atenção naquela noite. O importante para mim naquela noite era estar acompanhada por uma pessoa que quisesse estar comigo e não com alguém que quisesse vigiar minhas roupas.

Rê